quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Sol em Brumas



     Que angústia! Olhar para frente, para o próprio futuro, e enxergar turvos de incertezas, vultos de medos e embaços de ansiedade. Um sentimento de impotência nos invade. As preocupações, as dúvidas e o assistir do tempo passar (e passando rápido), nos sufoca e tende a nos desanimar, a nos lançar num abismo profundo de trevas, onde parece que não se verá mais a luz.

     Vivemos preocupados, confusos, apressados, como o coelho da fábula "Alice no País das Maravilhas", correndo de um lado ao outro sem saber para onde ir. Nos desorientamos com o desconhecimento do próximo dia e nos esquecemos que "não há nada mais certo do que a incerteza do amanhã" (Kiko Tozatti). E esta incerteza nem sempre é ruim. Talvez este mistério que envolve o alvorecer é justamente o que nos desperta e nos impulsiona a viver um novo dia como de fato ele o é: NOVO. É essa novidade que confere um "sabor" especial à vida, pois penso que seria entediante se soubéssemos exatamente o que iríamos fazer todos os dias. No espírito deste pensamento, Oscar Wilde nos contempla com sua frase: "É a incerteza que nos fascina. Tudo é maravilhoso entre brumas." E nós temos que começar a buscar no horizonte o sol escondido nessas brumas, a luz nas trevas, caso contrário ficaremos cegos e insensíveis à mística da vida que nos toca delicadamente e nos impulsiona como uma leve brisa nos ombros nos direcionando na intrigante incerteza que é viver.

     Alguns gostariam de modificar o passado, outros tentam modificar o presente, mas talvez a maior aspiração do ser humano seja controlar o futuro. Tolo ser, mal sabe ele que tem este poder. Ignorância não notar que o futuro é um mero fruto do presente e que, podemos não saber se seremos exatamente aquilo que queremos, mas podemos fazer acontecer o que queremos para sermos exatamente aquilo que sonhamos, simplesmente fazendo com que o o futuro aconteça, moldado aos nossos sonhos e lapidados à realidade. Um passo de cada vez, lidando com os obstáculos e desânimos, encaixando a cada dia sua preocupação, sem medo de tropeçar, e se tropeçar com coragem para continuar, afinal é a corrida da vida que está em jogo, e o prêmio é a nossa própria felicidade.

Não ousemos culpar o acaso pelas nossas angústias, afinal, "nenhum vento sopra a favor de quem não sabe pra onde ir." (Sêneca)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Tu és pó...


     
     Me intriga o motivo que leva às pessoas a pensarem que são melhores que as outras. Dinheiro, popularidade/fama, status, cargos, idade, conhecimento/sabedoria/inteligência... são coisas que tendem a nos proporcionar um certo ar de superioridade que, na verdade, não existe. Acompanhado à essa falsa superioridade, está (em minha opinião) o pior sentimento humano: a arrogância. Sentimento este que caracteriza a falta da mais nobre virtude do ser humano: a humildade. Sobre esses extremos que eu gostaria de refletir um pouco.
     Seguindo a linha de motivos que apresentei acima, vamos começar pelo dinheiro. É triste ver como as pessoas menosprezam as outras por causa de dinheiro. Como há preconceitos, estereótipos, desprezo e até aversão às pessoas de menor poder aquisitivo. E isto não se aplica somente da parte dos ricos para com a classe média e pobre, mas talvez seja encontrado mais da parte da classe média para com os pobres e entre os próprios pobres. Uma triste realidade, encontrada infelizmente em diversos âmbitos da nossa sociedade.
     A humanidade está perdendo a dimensão essencial humana para  a perspectiva efêmera do capitalismo, onde só se é e só se vale alguma coisa quem tem, quem possui (vide post: "A Sociedade do Ter"). "Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido."(Dalai Lama).
     Outro aspecto que insiste em conferir, de maneira ilusória, uma superioridade, é a fama e a popularidade. Como os famosos se colocam e também são colocados, por si, pela mídia e pelos próprios fãs, em "altares" distantes da nossa realidade, intangíveis, inatingíveis, apoteóticos. Fico chateado quando vejo algum artista agindo com arrogância, se armando e usando de sua fama para se fazer prevalecer.
     Fama não é fácil de se alcançar, mas uma certa popularidade sim. Nas escolas, nas empresas, é fácil encontrar esse tipo de gente. Seja pela beleza, força física, humor debochado ou por alguma atribuição de valor social, os populares passam ostentando aquilo que na verdade não passa de uma couraça para esconder seus defeitos.
      O status, como uma posição de poder na sociedade, seja pela profissão ou por um outro tipo de fama, também pode proporcionar esta falsa superioridade. Médicos, políticos, militares, empresários, profissionais da área do Direito, como juízes, delegados e advgados, tendem, por seu status social, se acharem melhores que os outros.
     Os cargos, como chefes, diretores, coordenadores, fazem pensar que são diferentes, que são melhores. Chefes que tratam seus funcionários sem a menor dignidade, menosprezando-os por de trás de suas mesas imponentes e seus ternos bem cortados, que nada mais cobrem do que a mesma espécie que se encontra à sua frente, temerosa e obediente pelo explorado fato da necessidade do emprego. Como escreve Augusto Cury, "O maior líder é aquele que reconhece sua pequenez, extrai força de sua humildade e experiência da sua fragilidade." E também Benjamin Franklin: "Ser humilde com os superiores é obrigação, com os colegas é cortesia, com os inferiores é nobreza."
     A idade, que se diz superior devido à experiência de vida. Claro que tem valor e se deve respeito, mas esta mesma experiência adquirida com os anos não deve ser usada como fator de superioridade. É a velha história: "Eu sou mais velho que você, eu conheço isso a mais tempo que você, por isso o que eu penso está certo." Isto não é motivo.
     E o que mais me dói  é ver as pessoas que usam a sabedoria como instrumento de superioridade. Se julgam melhores porque sabem mais, são mais inteligentes, possuem mais conhecimento. O caráter oblativo da sabedoria se perde e se torna um egoísmo intelectual, um saber vaidoso. O saber deixa de ser sábio quando não é humilde. Tolo o que se julga inteligente mas guarda para si e para sua arrogância o seu conhecimento. "A única sabedoria que uma pessoa pode esperar adquirir é a sabedoria da humildade.", nos diz Thomas Eliot. "O topo da inteligência é alcançar a humildade.", nos diz os antigos textos judaicos. Nessa nossa aspiração pelo saber, conscientes de que "nada sabemos" (referência à Sócrates), encontramos "pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade" (Santo Agostinho).
     Tomemos consciência da nossa igualdade humana, igualdade na pequenez. Essencialmente somos iguais, abrigamos a mesma centelha divina que nos une à uma mesma "raça eleita". Não somos melhores que ninguém, e se somos contemplados com algumas qualidades a mais, que estas se coloquem à serviço dos que não a possuem. A humildade, "...única base sólida de todas as virtudes." (Confúcio), "exprime uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém. (Paulo Freire).
     Um conselho: "Seja humilde, pois, até o sol com toda sua grandeza se põe ao fim do dia e permite a lua brilhar." (Bob Marley).

Afinal de contas, não passamos de pó, e à ele retornaremos.
(Gn 3,19)


sábado, 4 de dezembro de 2010

Celebrar a Vida



     Nunca me conformo do porque de mais pessoas irem ao velório do que no aniversário de alguém. O aniversário das pessoas, expressão de vida, muitas vezes é deixado de lado. Não nos damos o trabalho de nos deslocarmos, uma vez ao ano, à casa dos aniversariantes (amigos, familiares, colegas de trabalho, etc.) para desejar-lhes um singelo: "Feliz Aniversário". Mas se a ocasião é outra, se a pessoa falece, tudo pára, mesmo fazendo anos que não a víamos, é hora de nos revestirmos de luto e irmos ao velório. Não estou condenando aqui quem vai à velórios, pelo contrário, acho um ato nobre, principalmente para aqueles que ficaram e sentem mais de perto a dor pela perda da pessoa amada. Já a pessoa que se foi, não sei se ela faz muita questão, afinal de contas, ela já não está mais aqui. Do ponto de vista dela, é que quero refletir um pouco.

     Tomando como ponto de partida se eu mesmo fosse o falecido e pudesse somente notar as pessoas que foram ao meu velório, iria pensar: "Poxa vida, tantas vezes liguei para 'fulano' o convidando para o meu aniversário, ele foi uma vez e depois nunca mais apareceu. Olha ele aí agora, quando não poderei ao menos cumprimentá-lo." "Nossa, 'ciclana' nunca me dirigiu uma palavra no serviço, e agora está aqui, quando nem que se ela quisesse, eu poderia ouví-la". Eu, ficaria muito mais feliz se em todos os meus aniversários, aquelas pessoas, agora presentes no meu velório, houvessem chegado para mim e terem dito: "Meus parabéns por mais um ano de tua vida, que alegria poder celebrar contigo este momento". Daí sim, o motivo agora da presença no velório não seria somente por pretexto social ou para prestar condolências à família, mas também e principalmente de se despedir, simbolicamente, daquele que partiu.

     Do ponto de vista de quem fica, o menosprezo para com a vida (aniversário) gera uma valorização da morte (velório), acompanhada talvez de um certo arrependimento, como se fosse um acerto de contas: "Olha, eu não celebrava contigo a tua vida, mas estou aqui agora para me despedir." Isto não é uma inversão de valores? Não deveríamos aproveitar enquanto as pessoas vivem para estarmos com elas? Temos de esperar que alguém morra para somente então a encontrarmos já inerte, sem vida?

      A pressa e a dinâmica do cotidiano são fatores que nos desanimam de celebrar a vida, tanto que somente quando algo estrondoso como a morte acontece, que nós a paramos para dar atenção. É  a perda da sensibilidade e da afetividade humana, que se esvai com as desculpas do dia a dia.

     Temos que repensar as nossas prioridades (vida ou morte?). Eu penso que deveríamos comemorar TODOS OS DIAS, ou ao menos agradecer pela vida das pessoas. Não somente esperar datas festivas para ir ao encontro, não é porque é dia das mães que você deve ir ver a sua mãe, mas pelo simples fato de que ela É A SUA MÃE e amanhã talvez ela já não seja, em vida. Se nos dermos conta de que a vida é frágil e se acaba facilmente, não deveríamos nem esperar um ano todo, mas celebrar a cada instante e manifestar isso. Não adianta guardar tudo aquilo que sempre se sentiu por alguém e não dizer à pessoa. Não adianta chegar no velório e dizer aos outros: "Eu gostava tanto dele...; Ela me fazia sentir tão bem...; Era uma pessoa muito especial...; Sempre quis ter uma amizade com ele..." sendo que deveríamos ter dito isso à pessoa em vida. Deveríamos ter a coragem de nos abrirmos e não termos vergonha de dizer: "GOSTO muito de você!; Você me FAZ sentir muito bem!; Você É uma pessoa muito especial"; Eu QUERO ser seu amigo!" Dizer no presente, não num passado sem volta. Daí talvez brote aquele arrependimento de que eu falava. O arrependimento de não ter feito, de não ter dito, e agora... já é tarde demais, pois "há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida." (Provérbio chinês)

     Temos que valorizar sempre e em primeiro lugar o milagre da vida. Estar junto, dizer, amar, VIVER, enquanto é tempo. "Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida." (Platão)

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida."(Vinícius de Moraes)


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Solidão Amiga



     Você precisa de algum tempo sozinho? Sente vontade de estar só, num momento de intimidade consigo mesmo? Já pensou na solidão como algo bom? Conversemos sobre isso...

     A Solidão pode ser compreendida como um sentimento e como o estado de “estar só”. Portanto, para falarmos sobre isso, duas perspectivas devem estar claras: "O sentir-se só" e o "Estar só".

O Sentir-se Só

     O sentimento de solidão é amargo, angustioso. Quando nos sentimos solitários, tudo fica acinzentado, tudo perde a graça. É como se estivéssemos presos no compartimento de carga de um navio fazendo um Cruzeiro, repleto de festas e lazer, mas só podemos olhar pela escotilha, vendo todas aquelas pessoas felizes, quando estamos presos num lugar fechado e escuro.

     Quando o nosso coração se encontra assim, nublado, solitário, é como se a vida passasse por nós, linda e alegre, sem podermos tocá-la. Mas, muitas vezes, nós mesmos nos prendemos neste compartimento de egoísmo, de retração. Nos isolamos, trancamos a porta do nosso coração e ficamos esperando que alguém venha e a arrombe, sendo que seria tão mais fácil se ela já estivesse aberta.

Nos diz William Shakespeare: “Se você se sente só, é porque ergueu muros ao invés de pontes.”

     Quando erguemos muros em torno de nós, nos prendemos numa solidão que nos isola das alegrias da vida, sendo que se contruírmos mais pontes, nos abriríamos a uma reciprocidade de afeto, carinho e amor e não nos sentiríamos mais solitários.

O Estar Só

     Estar sozinho muitas vezes acarreta o sentimento de solidão. Aquelas pessoas acostumadas a viverem cercadas por familiares e amigos, quando se encontram numa situação de “estar só”, não sabem lidar com este momento tão importante e essencial à vida, e sentem-se solitárias, abandonadas, isoladas.

Patrícia Tudor nos diz: “Sob hipótese alguma, é preciso estar solitário quando se está sozinho.”

     Nunca estamos solitários, pois sempre estamos conosco mesmos. E é esta a oportunidade que devemos aproveitar para nos avaliarmos e nos posicionarmos melhor frente às coisas da vida. Momento de parar e indagar: "Quem sou eu? O que faço ou como faço aqui neste mundo?
     
    É de extrema importância para o ser humano, que por vezes fiquemos sós, para experimentar este encontro íntimo conosco mesmos, a fim de também nos conhecermos, de "mergulharmos" naquelas áreas do nosso “eu” em que só Deus e nós conhecemos. Mas como fazer para ouvir a voz do coração, que nada mais é que a voz do próprio Deus que nos fala, se nós não nos permitimos um momento a sós e que pela correria cotidiana, abafamos esta voz?

      Buscar se conhecer a cada dia mais, aprofundar-se em si mesmo é algo saudável, pois muitas vezes, como dizia a poetisa Clarice Lispector:

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois também sou o escuro da noite."

     Do nosso “estar só” é que muitas vezes tiramos forças para lidar com situações que aconteceram e que ainda irrompem em nossas vidas. Nesta fragilidade e necessidade da essência e da vida humana, brota a coragem para seguirmos em frente. Nos diz Paulo, em sua carta à comunidade de Corinto: "Quando sou fraco, então é que sou forte". E a solidão por vezes nos confere esta fraqueza (necessária) que acaba se tornando o nosso despertar para a vida.

     Só não podemos nos perder nesta fraqueza e nos entregar à solidão eterna, pois também é vital e até primordial que valorizemos a presença amiga, a presença que agrega cumplicidade, comunhão. Estar a sós é essencial, mas estar em comunidade também o é. Se nos fecharmos numa relação individualista, aí o “estar só” se transforma em sentimento de solidão, o que não deve acontecer. David Saleeby fala sobre isso em um de seus pensamentos:

“A maior solidão é aquela que se dá não pela ausência de pessoas, mas pela indiferença da presença delas.”

     Quando pensamos que não precisamos dos outros, que conseguimos viver conosco mesmos, nos fechando num núcleo particular em que só me entendo comigo mesmo, é perigoso. Podemos e devemos sim ficar a sós, gostar de estar a sós, mas não podemos deixar de viver, de CONVIVER. Caso contrário, experimentamos um egoísmo destrutivo e uma solidão que machuca.

Vinícius de Moraes nos fala sobre esta perigosa solidão:


A Maior Solidão

"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.

Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete.

Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

Saibamos estar sós para melhor convivermos.



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Tempo



     Decidi escrever sobre isso, pois de uns 4 anos pra cá venho tendo a impressão de que o tempo está passando muito rápido. E é certo que não sou o único a perceber isso. Muitas pessoas andam dizendo: "Nossa, o tempo passou voando!", e tenho sentido isso, de fato.
     Lembro-me de que quando era criança, principalmente meu aniversário e o Natal, custavam a chegar. Era uma ansiedade o ano inteiro para que se chegasse essas duas ocasiões. Hoje, tenho a impressão de que o último Natal foi no mês passado (e olha que já estamos no dia 01 de dezembro) e que ainda tenho 18 anos, sendo que já tenho 20.
     Não quero colocar em questão aqui a lógica e a astrofísica do tema. Não quero dar-me o trabalho de ficar pensando se o universo está expandindo e a rotação da Terra está mais rápida... não, não é nada disso. Mas simplesmente constatar um fato de que as pessoas andam falando muito e que, particularmente, venho notado isso constantemente.
     E é interessante observar como as pessoas se entregam à essa velocidade do tempo. Elas entram nessa dinâmica e aceleram suas vidas, deixando de perceber as singelas belezas que passam por nós. Venho refletindo muito sobre o quanto a vida é curta e fico espantado como que as pessoas não notam isso. Fico a imaginar que se as pessoas tivessem essa noção, não guardariam tanto rancor, não se estressariam tanto, não viveriam somente para acumular riquezas, se importariam menos com o que as pessoas pensam delas e,  principalmente, dariam muito mais valor ao que possuem.
     O que o grande "poeta" Renato Russo dizia em sua música "Pais e Filhos": "É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã..." é uma verdade e uma filosofia de vida belíssima. Afinal de contas, não sabemos o dia e nem a hora que a tênue linha do tempo será rompida para nós e, tenho certeza de que se soubéssemos, viveríamos bem diferente do que vivemos hoje. Você já chegou a imaginar se você fosse morrer amanhã, o que você faria neste seu último dia na vida? Tenho certeza que muitos responderiam que ficariam com as pessoas que amam. Agora pense o seguinte: VOCÊ PODE MORRER AMANHÃ, então por que não olhar nos olhos das pessoas que você ama hoje e dizer: "EU TE AMO!"? Por que não pedir perdão pelos seus erros e se reconciliar com as pessoas com as quais você não está bem? Por que não decidir algo de concreto na sua vida e se mergulhar nisso que você tanto acredita? Por que deixar para realizar os sonhos de hoje, amanhã, sendo que você pode realizar os de ontem, hoje? Porque pode ser que o amanhã não exista, que o relógio irá parar para você. TIC TAC, TIC TAC, TIC TAC, o tempo está correndo...
     É estranho quando culpamos o tempo para evitar alguma coisa. É tão comum escutarmos: "Não tenho tempo!", e ninguém tem mesmo. Ninguém possui o tempo, mas ele se estica para nos proporcionar um melhor aproveitamente dele próprio, nós é que preferimos perder a oportunidade. Nos perdemos de tal modo na ampulheta do mundo, passamos tão rápido por ele, que quando nos damos conta e olhamos para nós mesmos, nossas mãos não são mais aquelas mãos lisas e macias, mas enrugadas e calejadas; nossos pés nos momentos de caminhar para o gozo após anos de trabalho, já estão cansados e desanimados; nossos olhos já não expressam aquela jovialidade sonhadora e desejosa de viver  intensamente, mas estão embaçados e só enxergam que talvez todo aquele esforço não tenha valido tanto a pena assim. Daí percebemos que a nossa vida passou... e foi tão rápido!
     Aproveitar cada segundo que passa, ter a certeza de que se está vivendo e não simplesmente existindo, aumenta a nossa alegria de viver e arranca de nós a preocupação com o dia de amanhã, nos deixando confiantes e corajosos o suficiente para enfrentarmos o que vier no próximo amanhecer.
     Nos ensina a valorizar tudo o que temos, somos e amamos, nos fazendo voltar assim à essência da humanidade. E nos faz pensar como Mário Quintana, quando diz: 

"Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa"

TIC TAC, TIC TAC, TIC TAC...


    

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Sociedade do "Ter"



Olá observadores da vida! 

     Nesta época do ano em que se aproxima as festividades do Natal, festa originalmente de cunho religioso cristão que celebra o nascimento de Jesus Cristo, nota-se uma inversão deste sentido para uma perspectiva mercadológica e capitalista. Mas este fenômeno não ocorre somente nesta época, mas é um fato que vem sendo inculturado de maneira implacável na nossa sociedade. Hoje para "SER", você precisa "TER", mas eu pergunto, "TER" o que? O que é tão essencial ao indivíduo que ele não pode deixar de "TER", para "SER"?
     Notamos cada vez mais (mas também nos incluímos nesta observação como frutos e integrantes da sociedade) uma inversão de valores. As virtudes do ser humano parecem não serem mais a bondade, a caridade, o carisma, a moral, o caráter, a ética, a educação, a honestidade, mas todos estes nobres valores foram trocados pela quantidade de imóveis, automóveis, roupas, acessórios de luxo e principalmente o dinheiro, a conta bancária.
     O "SER" perde cada vez mais o seu lugara para o "TER", sendo que se analisarmos detalhadamente, o "SER" sobrevive sem o "TER", mas o contrário não acontece. Isso porque o "SER" é composto por bens intangíveis, que dependendo do caráter, que está incluso no "SER", não varia, é marca do indivíduo. Já o "TER", é composto por bens efêmeros, que se esvaem facilmente e que são necessários em proporções bem menores do que as quais nós estamos vivenciando, afinal de contas, ninguém precisa de 30 pares de sapato ou tênis ou de 50 vestidos ou camisas, são números impostos pelo mercado e pela mídia que nos dizem que as pessoas não podem nos ver com a mesma roupa em dois eventos diferentes. São paradigmas que a sociedade estabelece e que em NADA acrescentam no "SER".  Fico imaginando os vestidos das atrizes hollywoodianas que custam em média de 7 à 50 mil dólares (ou mais) e que acabam se tornando descartáveis, pois elas não irão usar aquela peça novamente em um outro evento.
     Nãos estou aqui julgando as pessoas que possuem condições financeiras para tais mimos e muito menos dizendo que é errado querer possuir algo de determinada marca ou algum artigo de luxo. Pelo nosso trabalho, temos todo o direito de adquirir aquilo que nos fará sentir melhor, seja uma bolsa Louis Vuitton ou uma Ferrari. O que está em questão, é que tais coisas não podem invadir a essência do nosso ser, não podem conduzir a nossa vida a ponto de nos fazer sofrer se não temos dinheiro para comprar determinada coisa.
     Nossa sociedade nunca está satisfeita com nada e isso não é uma atitude saudável. Sempre queremos mais e mais, o mais novo, o mais moderno, o lançamento. E nessa busca inútil pelo "TER", o "SER" vai ficando para trás, sufocado com tantas aquisições e fica omitido, quando não é perdido, como em casos de mulheres que SÓ  se relacionam com homens ricos, como se fosse um requisito básico, deixando de saber se o indivíduo ao qual ela está se relacionando é um homem honrado, virtuoso. Homens que "passam por cima dos outros" nos ambientes de trabalho, perdendo a noção da ética e da moral, visando somente o lucro e o status. Pais divorciados disputando entre si quem dá o melhor presente de aniversário para o filho. O Natal deixando de ser uma celebração de comunhão fraterna, de encontro entre familiares para ser uma data em que se ganha presentes. É o "SER" sendo deixado de lado.
     O shopping, "igreja da sociedade capitalista", junto ao marketing "voraz" que se faz acerca do "TER", nos projetam nessa mentalidade oca e nos roubam de nós mesmos, dos nosso valores herdados dos dossos pais e antepassados, para nos dizer através das propagandas: "Você precisa do novo...", "Você não pode perder a chance de possuir...", "Você tem que fazer parte...", "Você TEM que TER!"
     Nós temos é que ser resgatados desse consumismo. Voltar às fontes e buscar uma revalorização do indivíduo, daquilo que ele É e daquilo que ele consegue ter, SENDO.
     
O "TER" é nobre quando partilhado, quando é algo que engrandece o "SER", e não quando o destrói.

Por isso, não ame tudo o que é belo, faça belo tudo o que você ama. Pois na vida o mais importante, não é termos tudo o que amamos, mas sim amarmos tudo o que temos"


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Amizade entre Homem e Mulher



     Olá amigos e principalmente AMIGAS! É sobre isso que eu gostaria de conversar: a amizade entre homens e mulheres. A necessidade de falar sobre isso vem de uma experiência própria, pois possuo muitas amigas (talvez até mais que amigos) e em determinadas situações, eu percebo como os olhos preconceituosos da sociedade enxergam isso. Para a grande maioria dela, "não é de bom tom" que uma mulher comprometida saia com um amigo. E por mais estranho que pareça, sendo essa uma visão de raiz machista, foi inculturada também para a mente feminina. Querem uma prova? Qual mulher que namora ou é casada NÃO estranharia se o seu parceiro lhe dissesse que iria sair com uma amigA???

     Afinal de contas, a amizade entre homens e mulheres é inviável? O homem TEM que estar interessado sexualmente na mulher e vice-versa para poderem sair juntos? Ou a amizade entre ambos pode ser motivada simplesmente por um (ou mais de um) gosto em comum como um determinado artista, um determinado tipo de comida, um tipo de ambiente, de filme... Ah os filmes, sobretudo entramos num preconceito maior ainda quando tratamos de CINEMA. Homem e mulher no cinema??? Sinal de segundas intenções... Será??? Como eu estava dizendo, não pode ser simplesmente porque, por exemplo, ambos são fãs do mesmo diretor de cinema? Ou porque ambos gostam do mesmo gênero de filme? Ou porque simplesmente são AMIGOS e que gostam de estar na companhia um do outro, como AMIGOS??? É uma coisa tão bizarra assim?

     Numa sociedade machista e preconceituosa que não acha estranho a amizade entre pessoas do mesmo sexo mesmo com toda a discriminação para com os homossexuais, por que é mais difícil aceitar a amizade entre homens e mulheres? Um homem ter um amigo homem é comum tanto quanto uma mulher ter um amiga mulher. Em nenhum dos casos, na grande maioria, será considerado um ato homossexual. Mas uma mulher ter um amigo homem é sinal de que ela é uma "qualquer" e o homem ter uma amiga mulher é sinal de que ele está interessado sexualmente nela. É isso mesmo? Ou você acredita na sinceridade da amizade entre homens e mulheres?

     Eu acredito. E deixo uma dica: Um cuidado que se deve tomar ao estabelecer uma amizade com uma pessoa do sexo diferente é não confundir os sentimentos e traçar limites para que a outra pessoa também não confunda as coisas.

Espero que vocês possam refletir sobre o assunto, formarem a opinião de vocês e, depois, postá-la aqui, claro. =D

Um beijo especial para minha amiga Natália, do blog "Divagando Utilmente" (http://divagandoutilmente.blogspot.com/) que me inspirou a montar o meu, e a todas as minhas amigas (Mah, Juh, Cris, Carol, Cintia, Bruninha, Jeh, Sheila, Lih, Rafa, Ari, Ana Luh e Ana Carol, Lia e todas as outras) que eu amo e que são verdadeiros anjos na minha vida.